— Ainda não há problemas de abastecimento no Estado, pois os estoques estavam bem equipados. Mas se a greve permanecer, em duas ou três semanas poderá começar a faltar mercadorias para reposição — afirma o vice-presidente da Fecomércio, Arno Gleisner.
As perdas começam a ser contabilizadas. Mesmo após a Justiça determinar o retorno ao trabalho, há uma semana, os fiscais agropecuários estariam com dificuldades para inspecionar todas mercadorias acumuladas em cinco dias de paralisação. O prejuízo com cargas paradas e perdidas é calculado em R$ 54 milhões nas aduanas gaúchas.
Produtos fármacos, com risco de perecer, têm demorado 15 dias até serem liberados nos portos e nas fronteiras secas, três vezes acima do tempo normal, devido à redução de efetivos da servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a paralisação dos fiscais da ReceitaFederal, que já ultrapassa três meses, começam a empacar nas alfândegas também matérias-primas que a indústria precisa para produzir.
Conforme o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor José Müller, a demora para liberação de cargas no porto de Rio Grande já retém, por exemplo, chapas de aço utilizadas em embalagens de alimentos em conserva e reagentes utilizados pela indústria química. Sem esse material, a produção é prejudicada. Exportações também são afetadas, afirma o dirigente. Nesse caso, o temor da indústria é perder prazos de entrega e colocar em risco contratos internacionais.
— A greve é contra o governo, mas as vítimas são a sociedade e a economia — analisa Müller.
As paralisações de servidores federais geram um efeito cascata na cadeia de fornecimento e distribuição. Segundo José Carlos Silvano, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado (Setcergs), ao se mobilizarem, os funcionários públicos que atuam nas alfândegas causam atrasos de contratos, perdas de mercadorias e aumento no custo do frete.
— As indústrias e transportadoras podem absorver os prejuízos causados pela greve por alguns dias. Mas esse custo em algum momento será repassado — afirma Silvano.
-O impacto por área
Fiscais agropecuários
- Para a Anffa Sindical, as dificuldades de liberar as mercadorias acumuladas em cinco dias de greve são provocados falta de servidores.
- Os pontos mais críticos são Uruguaiana e São Borja, na fronteira com a Argentina.
Auditores da Receita
- A Superintendência do Porto de Rio Grande calcula que a liberação das cargas está levando de 10 a 12 dias a mais do que o normal com a greve.
- O órgão já busca alternativas para eventual lotação completa do pátio — a lotação atinge 90%. Não está descartada a utilização de novas áreas.
Trabalhadores da Anvisa
- A paralisação dos auditores, responsáveis pela emissão de certificados para embarque e desembarque de mercadorias, ajuda a atrasar o processo. No porto de Rio Grande, cerca de 270 toneladas de cargas de madeira e grãos estão parados.
- No porto seco de Uruguaiana, dois quilômetros de filas de caminhões aguardam até sete dias para liberação. Em média, 300 caminhões conseguem entrar no porto seco, quando o normal é 700.
- Empresas ligadas à área médica têm trabalho afetado pela dificuldade na liberação de mercadorias em portos e principalmente aeroportos, já que parte dos equipamentos utilizados em hospitais e laboratórios é importada.
Fonte: Diário de Santa Maria
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