A demissão do professor de matemática da estudante Isadora Faber, que ganhou destaque no Facebook e na mídia por criticar os problemas de infraestrutura e pedagógica da Escola Maria Tomázia Coelho, é considerada uma atitude precipitada por pedagogos e representantes dos servidores municipais de Florianópolis. A página da estudante no Facebook recebeu mais de 183 mil curtidores até às 19h desta quinta-feira.
A Secretaria de Educação informou que a comissão formada para avaliar o docente decidiu pelo afastamento. Ainda não foi definido qual será o novo professor de matemática da unidade de ensino. Mas, segundo a assessoria de imprensa da pasta, o substituto estará à disposição do estabelecimento a partir de segunda-feira.
Questionada sobre quais seriam os problemas de ensino nas aulas de matemática e o porquê de só agora terem sido percebidos, a secretária de Educação de Florianópolis, Sidneya Gaspar de Oliveira, disse que no ano passado o docente — contratado em regime temporário — tinha lecionado na rede e já havia reclamações, mas a avaliação pedagógica que a escola tinha feito era positiva. Dessa vez, o colégio entendeu que o profissional não atendia às necessidades dos estudantes.
— Não foi por questão de conteúdo, pois ele é formado. O problema foi a dificuldade de manejo com a turma — afirma a secretária.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis(Sintrasem), Rosangela Soldatelli, considerou a atitude da prefeitura precipitada. O funcionários teria apresentado a defesa na segunda-feira e a sindicalista acredita que não houve tempo para se fazer uma avaliação mais aprofundada do contexto, como as condições de trabalho, número de alunos, orientações da equipe pedagógica da unidade.
Sobre os problemas no colégio, a líder sindical afirma que a secretaria responsabilizou aescola por um problema que é da rede.
— Isso faz parte da campanha para desqualificar nosso trabalho e poupar o do poder público. Jogar a responsabilidade na escola. A prefeitura tem que estar atenta ás escolas, fiscalizar —, critica Rosangela referente à coletiva de imprensa concedida na terça-feira em que a diretora assumiu toda a responsabilidade pelos problemas na presença da secretária.
Ontem, Sidneya retrucou afirmando que é uma responsabilidade de todos, desde a rede, até os professores e a comunidade, e que não estaria se eximindo da culpa.
Problemas que se repetem
Para o coordenador do Curso de Pedagogia da Unisul, Jorge Alexandre Cardoso, ao decidir por demitir o professor de matemática, a secretaria optou por simplificar a solução de um problema que ele acredita se repetir em outras unidades de ensino. O melhor, para ele, seria dar apoio pedagógico para um melhor desenvolvimento do docente e melhorar as condições de trabalho.
Segundo Cardoso, seria impossível a situação do professor _ que pelas críticas de Isadora e vídeos postados em seu Facebook, não tinha autoridade em sala _ estava desapercebida por todo esse tempo pela secretaria e direção.
— Muitas outras escolas estão em situação semelhante. Essa agora foi filmada e veio à tona na internet e imprensa. A solução nunca vai ser a demissão, da mesma forma que a reprovação não é a solução para os problemas de ensino. Medidas extremadas só vão tornar os outros professores medrosos, não significa que vai aumentar o comprometimento — analisa.
Por meio do Sintrasem, o professor afastado disse que preferia não conversar com a imprensa. Mas já solicitou apoio dos advogados do sindicato para se manifestar na Justiça contra a prefeitura.
Fonte: ZH
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