Pesquise no blog!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Bolívia tem maior incidência da doença de Chagas no mundo

     A Bolívia, país que faz fronteira com o Brasil, tem a maior incidência da doença de Chagas no mundo. A enfermidade é causada pelo protozoário Trypanosoma Cruzi e transmitida por meio das fezes do inseto conhecido como “barbeiro”. O mal de Chagas é a principal doença parasitária da América Latina; afeta 10 milhões de pessoas a cada ano; e provoca a morte de pelo menos 12 mil, segundo dados da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), que atua desde 1986 no país vizinho.
     Na região de Narciso Campero, a enfermidade causada pelo "vinchuca" - nome do inseto na Bolívia - atinge 90% das pessoas com mais de 60 anos, de acordocom a coordenadora de campo da MSF na Bolívia, Ginette Pilate. "Muitas pessoas não sabem que têm a doença, pois ela é silenciosa. Além disso, o governo boliviano não fornece tratamento gratuito aos adultos, somente para as crianças até completarem 15 anos", afirma Ginette.
     O infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Luciano Goldani, explica que o inseto pode transmitir as fezes no contato com a pele e, se houver ferimento ou corte, o protozoário chega à corrente sanguínea. Um dado preocupante é que a outra forma de transmissão é por via oral. Segundo Goldani, os casos mais recentes registrados no Brasil foram pelo consumo de açaí e caldo de cana contaminados por restos do inseto.
     Os principais sintomas da doença são febre alta; aumento do baço e do fígado; taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos) e arritmias (alterações na frequência cardíaca).
     No entanto, os portadores crônicos podem permanecer décadas sem manifestar sinais da doença, o que dificulta o acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado. Um laboratório brasileiro, localizado em Pernambuco, é o único no mundo que produz o medicamento Benzonidazol, eficaz no combate à doença tanto na fase aguda quanto em casos crônicos. Praticamente todos os pacientes do mal de Chagas dependem do remédio produzido em terras brasileiras.
     No ano passado, a MFS denunciou por negligência o Ministério da Saúde do Brasil, que havia atrasado a remessa de medicamentos a países da América do Sul e da América Central. O atraso resultou na paralisação de projetos de combate à doença.
Casas de tijolos e palha são ambiente propício para insetos
     Cristina Salazar Lópes, 49 anos, está entre os milhares de camponeses da região boliviana de Narciso Campero que convivem com a doença. A maioria das casas da comunidade é construída de tijolos secos e tem telhados de palha, ambiente propício para o inseto vinchuca crescer e se reproduzir.
     Cristina teve que colocar um marcapasso devido a complicações. Os pais dela morreram de Chagas e os oito irmãos também têm a enfermidade, um deles faleceu há 14 anos. A filha de Cristina, 24 anos, que está grávida de sete meses, também tem a doença. A probabilidade de o bebê nascer com Chagas é de 5%.
     A camponesa começou a observar os primeiros sintomas quando tinha 18 anos: sentia pontadas no coração e sofria desmaios quando brincava de jogar bola ou quando subia ladeiras. Somente aos 35 anos, com a ajuda dos Médicos Sem Fronteiras, ela foi diagnosticada.
     Visivelmente emocionada e com lágrimas nos olhos, a camponesa agradece o serviço prestado pelos profissionais da organização: “Eles me ajudaram muito, disseram que iriam me levar ao Brasil, se necessário, para colocar um marcapasso”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts Mais Vistos