Após oito anos, o pesadelo da família Hartmann chegou ao fim na noite de quinta-feira. Por voto popular, o Fórum da Comarca de Garopaba, em Santa Catarina, decidiu condenar a 17 anos e oito meses de prisão o principal suspeito da morte do procurador gaúcho Círio Hartmann, Fábio Vianna da Silveira. Ele respondia por roubo e homicídio. O julgamento durou dez horas — das 9h às 19h.
O crime ocorreu na noite do dia 11 de dezembro de 2004, na cidade litorânea catarinense, quando Hartmann e a mulher, Ivany, chegavam em casa. Porém, o caso sofreu uma reviravolta no dia 27 de julho de 2005, quando a perícia de Santa Catarina atestou que a arma a qual Hartmann mantinha em sua residência, em Porto Alegre, estaria ligada ao crime.
A família de Círio sabia que pessoas tinham começado a lançar dúvidas sobre seus pares. A luta pela condenação do suspeito, identificado por Ivany, tornara-se secundária. Os Hartmann engajaram-se em outra jornada: resgatar a integridade.
O advogado Jader Marques, contratado pela família, iniciou uma batalha judicial. Com o laudo, solicitou que dois peritos particulares analisassem o material. Eles alertaram para imprecisões no trabalho das peritas. Disse ser impossível afirmar que o projetil partira do 38 de Hartmann.
— Levamos cinco anos brigando até o Judiciário determinar uma nova perícia. Dois novos peritos — de São Paulo e do Paraná — mostraram que (o laudo catarinense) tinha erro — explica Marques.
Entenda o caso:
— Cirio Clemente Hartmann, 69 anos, é assassinado em 11 de dezembro de 2004, na casa de veraneio em Garopaba. Ele foi atacado ao chegar com a mulher, Ivany Therezinha Assmann Hartmann, 63 anos, depois de um jantar. Conforme relato de Ivany, dois homens surgiram no pátio. Hartmann teria oferecido seu veículo. Acabou atingido no coração. A dupla fugiu.
— Em março de 2005, Fábio Vianna da Silveira, 25 anos, é preso em Balneário Camboriú. Denunciado por outro assalto em Garopaba, na véspera do assassinato, ele é reconhecido pela viúva. Em junho, Ivany tem uma parada cardíaca e morre em Porto Alegre. Era a única testemunha do caso.
— Em julho, a perícia conclui que um revólver 38 que Hartmann mantinha em Porto Alegre foi a arma utilizada no crime. O MP descarta a participação de Fábio Vianna da Silveira. No mês seguinte, um parecer técnico do perito Domingos Tocchetto, contratado pela família, alerta para a existência de erro de interpretação na perícia. A juíza Eliane Alfredo Cardoso Luiz, de Garopaba, retira a perícia particular do processo e deixa Silveira livre do julgamento pelo júri.
— A família Hartmann luta na Justiça pelo direito de ser realizada uma nova análise na arma. Por causa da retirada da perícia particular dos autos, o Tribunal de Justiça catarinense decide anular o processo, o que permite solicitar um novo exame ao próprio Instituto de Perícias de Santa Catarina. A instituição mantém sua conclusão anterior, sem fazer nova análise.
— Em 15 de março de 2011, o TJSC decide que nova perícia deve ser realizada. O Instituto de Criminalística do Paraná faz a análise e diz que a arma da família Hartmann não foi a mesma empregada no crime. Como a perícia, por ordem do TJ, deveria ser realizada em São Paulo, um novo laudo é solicitado. O resultado paulista, anunciado em 26 de setembro, é idêntico ao do Paraná.
— Em 16 de agosto de 2012, por voto popular, o Fórum da Comarca de Garopaba decide pela condenação de Fábio Vianna da Silveira a 17 anos e oito meses de prisão por roubo e homicídio.
Fonte: Pioneiro
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