Reduto das duas primeiras mortes por gripe A em 2012 no Rio Grande do Sul — em São Miguel das Missões e Boa Vista do Cadeado —, a região Noroeste possui pelo menos 42% dos casos confirmados da doença. Para especialistas em saúde, a explicação estaria na circulação maior do vírus na metade norte do Estado e na movimentação intensa de pessoas pela região.
Um estudo da 9ª Coordenadoria de Saúde do Estado, que abrange 13 municípios da região de Cruz Alta, mostra que os casos ocorreram em maior número nos municípios rodeados por rodovias de movimento intenso, como a BR-158, que liga as regiões Norte e Central.
— Nesses locais circula mais gente, seja a passeio ou a trabalho — explica Marcos André Luza, coordenador de saúde da região.
A posição geográfica também contribui. As regiões Noroeste e Norte são as que possuem maior contato com municípios catarinenses.
— Lá houve maior concentração do vírus, e os gaúchos que moram nessas regiões costumam transitar entre os dois estados — afirma Luza.
Claudio Varones Lopes, 28 anos, foi um dos primeiros pacientes com gripe A confirmada no Estado. Morador de Cruz Alta, o comerciário ficou 10 dias internado no Hospital São Vicente de Paulo, em total isolamento. O único contato que tinha era com enfermeiros e médicos.
— O primeiro medicamento que eu recebia era às 5h. A rotina seguia até as 23h, recebendo Tamiflu e remédios contra a dor, que era muito forte pelo corpo todo. Sou asmático e tive uma infecção pulmonar também.
O medo aumentava à medida que via pela televisão e internet notícias sobre a confirmação das primeiras mortes por gripe A na região e a corrida por vacinas.
— A única distração no hospital era assistir à televisão e navegar na internet, então eu via todos os jornais e lia sites de notícia. Bem na época foram confirmadas duas mortes, sendo que uma delas era em Cruz Alta, e outra em um município aqui perto (São Miguel das Missões). Na hora dá medo de morrer e também de ter contaminado outros familiares — lembra Lopes.
De volta às atividades há mais de 15 dias — além dos 10 dias de internação ainda teve de passar por um período de repouso em casa —, ele comenta que está bem mais cuidadoso após ter contraído a gripe.
— Eu era muito relapso nos cuidados com prevenção. Agora estou mais atento, uso muito álcool gel pra desinfetar as mãos, já que passo o dia aqui na loja, tendo contato com muitas pessoas — conta Lopes, que é vendedor em uma loja de eletrodomésticos no calçadão de Cruz Alta.
Preocupação com a doença diminuiu
Após uma corrida desenfreada por imunização em postos de saúde, o temor da gripe A arrefeceu nas regiões onde foram registrados mais casos da doença. São Borja, na Fronteira Oeste, que antecipou as férias escolares, prepara o retorno da rede municipal para a semana que vem sem cogitar novo adiamento. Em Cruz Alta, o frio intenso deu uma trégua na última semana, o que ajudou a acalmar a população. Além disso, a Coordenadoria Regional de Saúde estima que 65% dos 172 mil habitantes de 13 municípios da região estejam imunizados.
Os casos nas maiores cidades da região
Casos Óbitos
Cruz Alta 21 2
Santo Ângelo 11 3
Santa Rosa 3 1
Ijuí 2 1
Principais sintomas da gripe A: - Tosse e espirros
- Fortes dores no corpo, na cabeça e na garganta
- Febre alta,acima de 38°C
- Pode haver náuseas, vômitos e diarreia
- Falta de ar
Para prevenir a contaminação, é aconselhado:
- Higienizar as mãos com frequência, principalmente após tossir ou espirrar
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir
- Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca
- Não partilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal
- Evitar aperto de mãos, abraços e beijo social
- Reduzir contatos sociais desnecessários e evitar, dentro do possível, ambientes com aglomeração
- Ventilar os ambientes
Fonte: ZH
Nenhum comentário:
Postar um comentário