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quarta-feira, 18 de julho de 2012

‘Não vejo outras bandas em nosso patamar’, diz vocalista do Fresno

     Desde o surgimento do grupo, em 1999, o Fresno viu quatro integrantes pedirem as contas. Além da saída de músicos, o maior baque poderia ter sido o rompimento com a gravadora que fez o grupo consolidar a carreira, já bem pavimentada no cenário "hardcore emotivo porto-alegrense", definição sempre propagada por eles. À margem dos interesses do selo Arsenal (da Universal) e dispostos a serem autossustentáveis, romperam o contrato. Decidiram se assumir como banda independente.
     O resultado das mudanças, segundo o vocalista Lucas Silveira, é um disco “épico” e “glorioso”, previsto para setembro. Os adjetivos presentes no discurso combinam com a produção do novo clipe, lançado nesta terça-feira (17) em uma sala de cinema do shopping Bourbon, em São Paulo. O investimento foi de aproximadamente R$ 100 mil - "não contabilizado para evitar o susto", diz Lucas. Os integrantes lançaram três balões para captar imagens do tal "infinito" descrito na música. Dois se perderam e um foi recuperado. É com ele que foram registradas as "imagens do horizonte", presentes no vídeo.
“Não tínhamos mais interesse na parceria e não éramos mais interessantes pra eles. Queríamos assumir a responsabilidade, a bronca. Agora, fizemos um som mais glorioso, épico, do jeito que a gente pensou, sem amarras." Eles contrataram uma produtora de filmes, uma consultoria de engenharia espacial que importou os aparatos e deu respaldo científico, e atores mirins encaram o papel dos músicos da banda na infância.
     Em um segundo momento, o Fresno aparece e mostra que o sonho infantil de lançar um balão meteorológico com uma câmera e um GPS no espaço tornou-se realidade. “Sempre quis fazer esses experimentos. Quando compus a música ‘Infinito’, tive a ideia de mostrar o espaço com cenas inéditas. Queria tentar fazer algo inédito.”
Fã de aeronáutica
     Para conceber o vídeo, Lucas uniu sua obsessão por aeronáutica com a música. A ideia, relata ele, era mostrar que problemas individuais ganham proporções menores quando inseridos no espaço. “É para motivar as pessoas, fazê-las sair de frente da televisão e correr atrás. A música é um ansiolítico para mim, sou assumidamente depressivo. Nada foi fácil, mas conseguimos. Era pra ser cinematográfico mesmo. Desde meus 15 anos, sonho e trabalho para ter minha banda. É uma relação infinita, é minha previdência, aposentadoria também. Não sei fazer outra coisa.”
     Foram duas tentativas mal sucedidas até a brincadeira dar certo. O primeiro balão foi lançado em Brasília, set das filmagens, e caiu em um terreno militar. A produção conseguiu autorização para procurar, mas o GPS acusava uma área de risco, onde são feitos testes com projeteis, e não foi possível resgatá-lo.
     Lançado da cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, o terceiro balão captou imagens do horizonte. Após três horas e quarenta minutos, o aparato foi encontrado na cidade de Lorena (SP). A caixinha que continha a câmera e o GPS também vinha com um aviso: prometia recompensa a quem encontrasse. “Nós só queríamos as imagens dessa viagem do balão para inserir no clipe. Daríamos a câmera de presente para quem nos devolvesse o cartão de memória.”
     Para Gustavo Mantovani, guitarrista do Fresno, o mais importante que eles envolveram uma produção que tornou o clipe "nacional". "Tem filmagens e pessoas de diversos lugares, isso foi muito rico." Ele ainda revela que na última tentativa, já quase assumindo a derrota, Lucas prometeu que ficaria sem comer carne se o balão fosse encontrado. "O desespero era tanto que ele fez até promessa." "Até ovo, leite eu prometi ficar sem. Isso eu não estou conseguido, mas não estou comendo carne", confirmou o vocalista.
Fora do balaio do 'lixo pop'
     O disco também tem a pretensão de ser inovador. Eles se dizem influenciados pelo cinema de Oliver Stone e Steven Spielberg; e pela música de Beatles e Rolling Stones. O sexto álbum do grupo tem participação de orquestra em quatro músicas. Lucas Lima, da Família Lima, colaborou na produção.
“Chegamos a um ponto em que não vejo nenhuma outra banda no nosso patamar", arrisca Lucas. "Nunca estivemos no balaio de lixo pop. Fazemos rock. Sempre estivemos mais pra Titãs do que Restart, mas minha referência mesmo é Dead Fish, Raimundos. Começamos mais performáticos, com atitude típica de adolescente, mas fomos atrás de conhecimento, qualificação. E é isso que queremos autoafirmar.”
Fonte: G1 Música

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