A localização de um celular durante uma revista motivou uma rebelião ocorrida na manhã desta quarta-feira no Presídio Masculino de Lages, na Serra Catarinense. Alguns detentos entraram em confronto com agentes penitenciários, ficaram feridos e precisaram de atendimento no hospital. A situação foi controlada ainda pela manhã. Agora, a direção quer saber como o telefone foi parar lá.
Inaugurado em 4 de dezembro do ano passado, o presídio tem capacidade para 352 homens, mas ontem, no momento da rebelião, 319 estavam reclusos pelos mais diversos crimes. Apenas oito são de outras cidades. Todos os outros são da região de Lages. Fazia um mês que a direção do presídio investigava o comportamento de alguns deles. Lideranças estavam sendo formadas, e o objetivo era identificar essas pessoas, que estariam ameaçando as famílias dos demais presos.
— Quem exerce a liderança nunca aparece, mas uma galeria comandava a maioria. Se um preso dava a ordem para não sair para o pátio, os demais não podiam sair, pois suas famílias, fora do presídio, eram ameaçadas. Soubemos de vários casos assim —, disse o diretor Marcio de Oliveira.
Por volta das 6h30min desta quarta-feira, agentes penitenciários do Departamento de Administração Prisional (Deap) iniciaram uma revista de surpresa nas celas e localizaram um aparelho celular e um carregador. A carga da bateria era feita mediante uma “gambiarra” com os fios do próprio carregador, conectados à lâmpada da cela, já que as tomadas são desligadas.
Enquanto estavam no pátio, quatro detentos das galerias C e D (são quatro galerias no total) se revoltaram e incitaram os demais a atacarem os agentes. Assim, 15 presos se rebelaram e precisaram ser contidos à força e com armas não letais, como balas de borracha, pistolas de choque e spray de pimenta. Quatro deles ficaram feridos e precisaram ser atendidos no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas voltaram para o presídio ainda pela manhã e passam bem.
— Nosso procedimento de revista é muito intenso com qualquer pessoa, inclusive funcionários. O controle é grande. Desde que o presídio inaugurou, há sete meses, foi o primeiro celular que encontramos. Mas não era para ter entrado. No histórico do sistema prisional, muitos celulares, armas e drogas entram nos presídios nas vaginas das mulheres. Pode ter sido falha humana, falha na segurança. Não sabemos ainda, mas vamos investigar todas as hipóteses —, disse o diretor.
Por conta da rebelião, as visitas desta semana foram suspensas e voltarão ao normal a partir de segunda-feira. Um Boletim de Ocorrência será registrado na Polícia Civil, que vai apurar a origem do celular e com que objetivo era utilizado. Os presos que participaram da rebelião serão ouvidos, mas neste primeiro momento, garante o diretor, nenhum deles sofrerá punição ou será transferido.
Fonte: Diário Catarinense
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