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quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Ele tem que sofrer muito na cadeia", diz mãe da jovem mantida em cárcere privado no Rio

     Ao ver as notícias de que a filha desaparecida há 17 anos estava no Rio de Janeiro e que teria três filhos do padrasto, a dona de casa Renilda de Lima, 49 anos, não ficou totalmente surpresa. “Eu tinha sonhado com isso”, disse, enquanto se preparava para ir à Delegacia da Mulher, em Porto Alegre, prestar depoimento na manhã desta quinta-feira. Olhando para a fotografia de Suzana ainda criança, a mulher afirmou, chorando, que nunca desistiu de procurar por ela. “Espalhamos cópias dessa fotografia por tudo que é lado”, alegou. 
     O ex-companheiro de Renilda, Carlos Alberto Santos Gonçalves, 57, foi preso na terça-feira em Itaboraí, na região Metropolitana do Rio, após a enteada denunciá-lo por estupro e cárcere privado. Foi então que Renilda confirmou o paradeiro da filha, hoje com 28 anos, e tomou conhecimento de tudo o que havia acontecido com ela. “Morte pare ele é pouco. Tem que sofrer muito na cadeia”, afirmou. 
     Segundo as investigações da polícia fluminense, a vítima teria sido mantida em cárcere privado durante anos. Em fevereiro, ela resolveu denunciar o caso, porque uma das filhas dela com o suposto agressor estaria sendo estuprada por um filho dele.
     De acordo com Renilda, que mora no bairro Bom Jesus, na Capital, ela e Carlos Alberto se conheceram quando trabalhavam como floristas em Alvorada, na região Metropolitana. Algum tempo depois, foram morar junto e, após seis meses, a mulher foi buscar a filha e o enteado na escola e não os encontrou mais. “A professora disse que o pai tinha levado os dois”, contou. Cerca de duas semanas antes do fato, o homem teria ameaçado a família e obrigado a esposa a declará-lo como pai - embora não fosse - de seus três filhos: Suzana, na época com 11 anos, Silvana, de 8, e Jorge de 3. “Ele planejou tudo. Quando cheguei em casa, já tinha levado todas as roupas. Acho que pretendia levar o meu filho menor também”, disse.
     Na época, Renilda registrou ocorrência em Alvorada e em Viamão. Além disso, contou com ajuda de amigos para procurar a menina, mas não encontrou. Para aliviar um pouco a tristeza, foi para a casa da irmã em Charqueadas. Anos mais tarde, casou de novo e teve mais um filho. “Me separei, porque achava que meu marido iria fazer o mesmo que o outro e levar meus filhos”, lembrou. A mulher nunca reparou que alguma das crianças estivesse sofrendo algum tipo de abuso. “Jamais imaginei. Senão, não teria colocado para dentro de casa”, falou.
     Depois que Carlos Alberto foi preso, Suzana manteve contato com a tia, mas não quis falar com a mãe. “Ela sente mágoa. Acha que eu não fui atrás dela, mas eu procurei”, revelou. A mulher planeja reencontrar a filha e dizer o quanto sentiu sua falta. Mesmo tendo passado tanto tempo e de saber que a jovem está diferente, com os cabelos antes negros, agora descoloridos, sabe que irá reconhecê-la. “Mãe sempre sabe. Quero conhecer meus netos. Estou de braços abertos e quero dar apoio”, revelou.
Enteada teria se declarado para o padrasto
     Na Delegacia da Mulher em Porto Alegre, Renilda de Lima foi ouvida durante uma hora e meia e conforme a delegada Nadine Anflor, trouxe um detalhe novo ao caso. Segundo ela, a filha escrevia bilhetes para o padrasto. “Existiam bilhetes em que ela se declarava para o Carlos Alberto dizendo que se ela pudesse, fugiria com ele”, detalhou a delegada. "Mas isso não vai fazer com que ele deixe de responder criminalmente”, ressaltou a delegada. Mesmo que a criança tivesse consentido relações com o homem, isso é considerado estupro de vulnerável, já que ela tinha menos de 14 anos. 
     Além da mãe da vítima, a delegada ouviu também familiares do suspeito. Eles teriam ido ao Rio de Janeiro e visitado o homem há dois anos atrás. “Eles disseram que frequentaram a casa no Rio, conviveram com eles no ano de 2010 e há informações de que ela fazia um curso de informática à noite, o que descaracteriza o cárcere privado, mas a polícia do Rio é que vai investigar isso”, explicou a delegada.
     A polícia gaúcha foi designada a auxiliar a investigação do caso que corre no Rio de Janeiro. O conteúdo dos testemunhos tomados no Rio Grande do Sul serão encaminhados nesta sexta-feira para a Delegacia de Polícia de Itaboraí, na região metropolitana do Rio.

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