O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) abrirá nesta segunda-feira sindicância para apurar as causas e responsabilidades sobre a morte de gêmeos prematuros na UTI Neonatal da Santa Casa de Bagé, na Campanha, neste final da semana. O presidente Rogério Aguiar explica que serão colhidos depoimentos e averiguada a documentação referente ao atendimento dos bebês, para avaliar os procedimentos adotados pelos médicos e as condições dos locais.
Alerrandro e Aleksander nasceram na segunda-feira no Hospital de Canguçu, onde a mãe, Andrizi Quevedo, de 25 anos, havia sido internada uma semana antes com uma infecção, grávida de menos de sete meses. Em razão de a UTI Neonatal da instituição ter sido fechada em fevereiro, os recém-nascidos foram transferidos na noite de terça para a Santa Casa de Bagé, por causa do estado delicado de saúde, já que pesavam cerca de 600 gramas cada.
Alerrandro morreu na quinta-feira e Aleksander na madrugada de sexta. A mãe dos gêmeos segue internada em Canguçu, onde se recupera. O presidente do Cremers avalia que o caso demonstra claras deficiências no sistema de saúde da região. Ele ressalta que, além do alto risco dos bebês, pelo nascimento antecipado e pouco peso, as condições precárias no Hospital de Canguçu podem ter contribuído para as mortes.
Aguiar cita ainda o transporte entre as instituições, com distância de quase 200 quilômetros, que também ofereceu riscos. Sobre o fechamento da UTI Neonatal da instituição, ocorrida pouco mais de três meses após a inauguração em devido a um foco de infecção que causou a morte de 12 recém-nascidos, ela afirma que a aparelhagem está completa desde o ano passado e o que faltam são profissionais.
Para o presidente do Cremers, os médicos não têm interesse em trabalhar no local, já que os salários não são atrativos. O presidente afirma que as prefeituras acabam arcando com a maior parte dos custos de manutenção das casas de saúde, já que o governo estadual não destina os 12% do orçamento para a área, como prevê a legislação.
O secretário da Saúde, Ciro Simoni, rebate a afirmação e diz que o Estado está investindo para abrir e ampliar UTIs em diversos hospitais do Interior gaúcho. Em Canguçu, conforme ele, a direção deve contratar profissionais e garantir segurança para a reabertura da unidade.
Simoni diz ter sido enganado anteriormente, já que a instituição assinou contrato para funcionamento, mas não dispunha de médicos para prestar um atendimento de qualidade no local. O secretário acredita que o Executivo irá fornecer os recursos necessários para pagamento dos profissionais, mas ressalta que a categoria não tem interesse em atuar no Interior.
De acordo com ele, a 3ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) comunicou já ter selecionado uma equipe para trabalhar na UTI Neonatal de Canguçu. Simoni solicitou uma reunião para avaliar as qualificações dos médicos e verificar a possibilidade de reabrir a unidade.
Fonte: Correio do Povo
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