Audácia, discrição, uso de ferramenta alternativa aos populares maçarico e dinamite e conhecimento prévio do local do crime são elementos percebidos no mais recente ataque a caixa eletrônico em Santa Catarina, na madrugada desta segunda-feira.
Uma quadrilha suspeita de ser de Curitiba arrombou três terminais do Banco Santander, na agência da Rua Álvaro de Carvalho, em Florianópolis, a cerca de 100 metros da Delegacia Geral de Polícia Civil.
Quem passou segunda-feira de manhã pela agência e viu apenas cacos de vidro espalhados pelo chão, como um vizinho que acionou a Polícia Militar (PM), jamais imaginaria que os três terminais tivessem sido arrombados e todo o dinheiro furtado.
É que os assaltantes trabalharam em um vão atrás da parede de gesso, onde os caixas ficam embutidos. Ninguém que passasse na rua conseguiria ver a movimentação. Eles fizeram o corte na parte traseira das máquinas, diferente da maioria dos 98 ataques com maçarico registrados em Santa Catarina, entre janeiro e agosto de 2012, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Quando o corte é feito na parte de trás do terminal, geralmente o acesso às gavetas com o dinheiro é mais fácil. Uma ferramenta usada em três ataques que ocorreram em março e julho, na Capital, foi utilizada ontem de madrugada: é a "serra copo", uma furadeira com motor potente.
De acordo com o delegado Diego Azevedo da Divisão de Furtos e Roubos da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), o objeto era usado antigamente em ataques a banco em Joinville, PR, RS GO e MS. Neste caso, a suspeita da Deic é que o bando seja do Paraná.
Nem as câmeras conseguiram captar o arrombamento
As 50 horas de imagens captadas pela câmera da Polícia Militar (PM) em frente a agência poderão ajudar nas investigações. Para o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Araújo Gomes, o modo de ataque destes assaltantes é mais sofisticado. Eles agiram com discrição e com possível informação privilegiada sobre a parede de gesso.
Segundo Gomes, a PM trabalha com duas hipóteses. A primeira de que a quadrilha teria entrado antes do fechamento automático da agência, às 22h, e se escondido atrás da parede de gesso. A segunda é a de que o grupo teria usado dispositivo para fazer com que a porta não tenha fechado às 22h. Não houve registro de disparo do alarme da agência.
Existem cerca de quatro quadrilhas atuando na Grande Florianópolis, segundo o delegado Diego Azevedo da Deic, mas este grupo chamou sua atenção pela audácia de atacarem em pleno Centro de Florianópolis.
Opinião RBS
Sociedade ofendida
Do início deste ano até a semana passada, ocorreram 240 ataques a bancos e a caixas eletrônicos no Estado com o uso de explosivos ou de maçaricos. Um aumento de 114,89% em relação ao ano passado, que somaram 182.
Restando mais de quatro meses para o final do ano, é lícito supor que, em 2012, será anotado um lamentável recorde nesta modalidade criminosa se não houver reação imediata e à altura das autoridades da segurança pública.
Em entrevista publicada no DC desta segunda-feira, o delegado Akira Sato, titular da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), garantiu que as investigações estão adiantadas, e que a repressão está a caminho.
O recente reforço no efetivo policial e o trabalho integrado dos setores de inteligência das polícias civil e militar devem contribuir para desmantelar as novas quadrilhas de caixeiros em ação. A sociedade ofendida assim o espera.
Fonte: Diário Catarinense
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