À frente de um buraco esculpido na parede da torre de uma igreja luterana, a inscrição escura registrava o marco de uma mistério em Mormaço: 1952. Lá dentro, uma lata pesada escondia um segredo enterrado há 60 anos.
Mormaço ainda era distrito de Soledade na década de 1950. Na época, a comunidade evangélica luterana resolveu reunir doações para construir uma igreja. Imponente, a torre mestre fascinou os apoiadores. Para retribuir a gentileza de quem colaborou, criaram uma cápsula do tempo para ser armazenada na base da torre. Não havia data para abertura, só um compromisso: esperar décadas.
O calendário marcava junho de 1952. Uma cerimônia à beira da torre fez nascer um mistério crescente nos anos seguintes. Poucos sabiam que foi guardado na lata. Os anos passaram, alguns dos idealizadores morreram, outros se mudaram. Nos que permaneceram na cidade, a memória foi se apagando.
Na década de 1960, após a construção da igreja anexa à torre não vingar, a comunidade resolveu mudar o local da sede. Sobrou a torre e o mistério. Logo, cresceram os boatos. Uns falavam que havia um tesouro. Outros acreditavam que segredos do passado estavam lá, mas ninguém ousou violar a torre. E começou a ganhar força o desejo de pôr fim à curiosidade.
Um dos mais agitados era o comerciante Osmaldo Schroeder, 63 anos, que ficou sabendo da história ainda criança, quando um dentista comentou com a mãe Bartira, 99 anos, que seu nome estava escrito em um papel escondido na torre. Ao assumir a presidência da comunidade luterana, Schroeder encampou o levante. Após 15 anos de discussão, a maioria cedeu: abririam o local em 7 de junho deste ano.
Comunidade pretente reformar a antiga torre
Após algumas horas de trabalho, uma lata foi resgatada do baú de pedra. Enrolados, estavam dois jornais da época, um evangelho e duas listas com o nome dos padrinhos da construção.
— A emoção foi grande, pois parecia um tesouro e todos queriam ver — revela Schroeder.
Na cidade de 2,7 mil habitantes, a notícia se espalhou rápido. Os documentos foram arquivados em formato digital e devem ser expostos na Igreja Evangélica Luterana. Diante da repercussão, a comunidade luterana pretende melhorar a antiga estrutura. Uma das idéias é iluminá-la. Outros defendem que seja revitalizada e tombada como patrimônio histórico. No local, o simbólico "1952" será mantido e ganhará companhia: a comunidade pretende construir outra cápsula do tempo, que deverá ficar lacrada por outros 60 anos.
Fonte: ZH
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