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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ato reconhece Dops como local de tortura e morte

     Com a presença de ex-presos políticos e do ex-governador Olívio Dutra, foi realizado nesta quarta-feira um ato de reconhecimento público do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) como local de tortura e morte durante o regime militar - 1964 a 1985. A manifestação ocorreu em frente ao Palácio da Polícia, antiga sede do Dops, na esquina das avenidas Ipiranga e João Pessoa. Durante o protesto foi colocado um adesivo na calçada que indica o prédio como local de tortura de presos políticos. 
     A presidente da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, Suzana Lisboa, ressaltou que a identificação do prédio é um momento histórico para democracia brasileira. “É um momento para se dizer nunca mais a tortura e para que a sociedade diga ao estado brasileiro que nunca mais se envolva neste tipo de crime”, destacou.
     Para Suzana, a ditadura militar é um episódio triste da história recente do Brasil. Segundo ela, a criação da Comissão da Verdade no Brasil é um importante avanço para o esclarecimento da história em um período em que houve violações dos direitos democráticos e humanos.
     O ex-preso político Antônio Cunha Losada, o último a ser libertado no Estado, pediu que a sociedade brasileira faça um esforço para que este período obscuro da história brasileira não se repita nunca mais. Losada passou três meses no Dops - de outubro de 1973 a janeiro de 1974. “Nas sessões de tortura, eu estava sempre encapuzado e os torturadores usavam pseudônimos”, contou.
     Segundo o ex-preso político e um dos fundadores do PT, ele sofreu choque elétrico, afogamento e foi colocado diversas vezes no pau de arará e na cadeira do dragão. Logo após deixar o Dops, Losada foi levado para o Presídio Central de Porto Alegre, onde passou seis anos preso. “O próximo passo dos movimentos sociais tem que ser o de identificar e divulgar os nomes dos torturadores. Não podemos ter medo da história e da justiça”, acrescentou.
     Durante a manifestação, os integrantes do movimento Carlos de Ré, da Verdade e da Justiça pediram apoio para a instalação de um memorial em Porto Alegre, com objetos e documentos que resgatem a história da ditadura e evidenciem as violações de direitos humanos. O local escolhido para instalação do projeto é o prédio do Dopinha, que funcionava na rua Santo Antônio, no bairro Bom Fim. 
     Além de Losada, participaram do ato no Palácio da Polícia, ex-presos políticos como Raul Ellwanger, Gilka Rabelo e Wilson José da Silva.

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