Para evitar a reintegração de posse determinada pelo Tribunal de Justiça, grande parte das 450 famílias que vivem em uma área irregular de Alvorada, na região Metropolitana, prometeram atear fogo nos casebres na manhã desta terça-feira. O cumprimento da liminar, que deve atingir cerca de mil pessoas que residem no Loteamento Morumby, está marcada para ocorrer a partir das 6h e atende solicitação da juíza Nara Cristina Neumann Cano Saraiva, da 1ª Vara Cível da Comarca da cidade.
O presidente da associação dos moradores do loteamento, Márcio Santos da Rosa, de 34 anos, explica que o grupo invadiu a área, que seria zona de prostituição, drogadição e de constantes homicídios, por não ter para onde ir. “Agora querem nos tirar a força daqui. Para onde levarei meus filhos? Se fizerem isso, vamos colocar fogo nas casas. Não sairemos por vontade própria”, argumentou.
De acordo com a magistrada, a ação ocorrerá com auxílio da Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, após várias tentativas de realocação dos invasores. A decisão foi tomada em novembro do ano passado. No entanto, considerando acordo entre os invasores e o proprietário da área, foi fixado novo prazo, naquele mesmo mês, para desocupação voluntária. Neste período, o número de moradias aumentou.
Conforme Joana Muller, de 49 anos, que está no loteamento desde a invasão, ocorrida em 6 de agosto de 2011, quem pode ir para casa de familiares, já deixou a área. Ainda assim, a maioria não sabe o que fará caso tenha que sair do local. “Quando chegamos era tudo mato, desabitado. Agora querem construir um condomínio, mas tenho cinco filhos, quatro netos e não sei como farei”, falou.
Já Carla Luciana Parede, de 39 anos, obteve abrigo em outro local para a família. Junto com os cinco filhos e o marido, ela conseguiu espaço na garagem de uma amiga para ficarem enquanto o casal tenta conseguir emprego para alugar um novo lar. “Sabíamos que isso poderia ocorrer, mas é desesperador. São muitas crianças e idosos entregues à própria sorte”, disse.
O prefeito de Alvorada, João Carlos Brum, esclarece que solicitou ao Judiciário suspensão da liminar por 90 dias. Ele lembrou que a área invadida contempla um espaço público e outro privado. No entanto, até hoje, não houve resposta positiva. Segundo Brum, no município há 12 mil famílias em áreas de risco. “Infelizmente essas famílias terão que sair do loteamento e não temos fôlego financeiro para auxiliar com o aluguel social. Alvorada é o 24º município do Brasil com menor receita per capita”, frisou.
Fonte: Correio do Povo
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