Dois produtores rurais brasileiros foram assassinados nos últimos dias na região paraguaia que faz fronteira com o Brasil. Osni de Oliveira era operário de máquinas na fazenda arrendada pelo brasileiro Toninho Baggio e foi morto na última quinta-feira com um tiro na cabeça em Azotey, Concepción, próximo à fronteira com o Mato Grosso do Sul. Tadeu Fratzen foi assassinado com oito tiros na noite de sexta-feira ao sair de um bar na cidade de Santa Maria del Monday, próxima a Ciudad del Este, onde tinha terras.
O Itamaraty confirmou a primeira morte, mas no início desta tarde ainda não tinha sido comunicado do assassinato de Fratzen. O setor consular da embaixada em Assunção e o consulado em Ciudad del Este foram acionados e estão acompanhando as investigações, mas por enquanto não há contato entre os governos brasileiro e paraguaio.
O estranhamento causado pelo impeachment de Fernando Lugo e a subsequente suspensão do Paraguai do Mercosul congelou as relações entre os dois governos e não houve nenhum tipo de conversa entre as chancelarias dos dois países. O Itamaraty, no entanto, informa que acompanha o caso para ver se os assassinatos são crimes comuns ou tem alguma relação com o fato dos mortos serem os chamados "brasiguaios", brasileiros donos ou trabalhadores de terras no Paraguai.
De acordo com o jornal paraguaio ABC Color, o governo do País acusa o Exército do Povo Paraguaio (EPP) de ser responsável pelo primeiro caso, na morte de Osni de Oliveira. O grupo teria entrado na fazenda, prendido três trabalhadores e posto fogo em algumas máquinas agrícolas. Antes de irem embora, mataram Osni.
Já Fratzen foi abordado por dois homens em uma moto sem placas ao sair de um bar e ir em direção ao seu carro, segundo o jornal. Levou oito tiros e morreu na hora. A polícia paraguaia não tem pistas de quem são os homens, mas acredita ser um caso de execução, já que nada foi roubado.
A violência no campo no Paraguai vem aumentando nos últimos anos, especialmente depois das dificuldades encontradas por Fernando Lugo para fazer a reforma agrária que prometeu em sua campanha para presidente diante da enorme resistência dos donos de terras. A morte de 17 pessoas - 6 policiais e 11 agricultores sem-terra - há pouco mais de duas semanas na desocupação de uma fazenda invadida - piorou o quadro e serviu de argumento para a deposição de Lugo. O Congresso, tomado pelos partidos de oposição, acusou o presidente de não cumprir com suas obrigações e ser responsável pelas mortes.
Fonte: Correio do Povo
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